domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tripoli e o sequestro não entendido

Estava na Líbia já faziam um tempo, achava que estava de bom tamanho e precisava voltar ao brasil para acertar a minha vida, fiz o que havia planejado e vi que era hora de voltar mas antes de tudo precisava renovar o meu passaporte, consulado libanês não existe em Benghazi, o que há é um escritório libanês de intercambio cultural financiado pelo Kaddafi.... Obvio que se o Kadaffi queria semear o livro verde dele nos países árabes ele deveria dar de comer para aquele povo, não é? Era claro que o Líbano aceitara a proposta do Líbio, pois afinal. . . . . Grana é bom e dane se o resto.
Cheguei perante aquele escritório decadente e fedendo.
Um senhor que trabalha naquele escritório veio sorridente até mim e perguntou com o sotaque libanês mais afrancesado, se podia me ajudar, tentando ser elegante naquele “bled” (paíseco), cai entre nós, charme não combinava muito. . . . . . . Foi “francesamente” informado que teria que ir até a Capital e renovar meu passaporte ou no consulado libanês ou Sírio, não entendi muito como a porcaria da Síria podia renovar meu passaporte, liguei o foda se e fui para Tripoli, chegando lá, me impressionei mesmo, que cidade e que lugar lindo, para uma pessoa que mora em Benghazi, Tripoli era a Nova York mas foi só andar 200 metros e rever Mike, Mazzuzzo, addiddess que vc se lembra muito bem de onde você se encontra. Cheguei no hotel, embora tendo feito reserva, sabia que ia dar errado e que poderia no final do dia estar a dormir na rua, os recepcionistas sem nenhuma elegância disseram as palavras que mais ouvia lá “MA FICH” - não tem- bom já que sabia que não havia nada a se fazer comecei a gritar com ele, deixei clario que jurava por Allah que ia quebrar aquela espelunca. E depois veio a segunda resposta mais óbvia “ BAHI” - beleza. Subi ao quarto, sem elevador diga se de passagem, primeira coisa que vejo frente a minha cama é um espelho enorme de parde a parede, claro que há muita segregação lá, estava no andar dos estrangeiros, a parte de estrangeiros, pensei "safadinhos, cambada de voyeurs,"era claro que era um espelho com fundo falso, era claro que os soldados assistiriam a qualquer coisa, aliás o homosexualismo e o bestialismo são as coisa mais praticadas por lá, aliás, meus amigos muçulmanos que me perdoem mas cinco da tarde quando os mais velhos rezavam, os moleques desapareciam, uma mula urrava e os adolescentes riam e os velhos fingiam que nada sabiam, moleques cresciam, soldados se tornariam e por trás dos espelhos espiariam.

A minha sorte era que havia um amigo meu, Rotman, a família Roitman da libia, kakakakakakwkaka, mas claro que o Haj- senhor era calvo de coração enorme, me recebeu, junto á família dele, claro que em salas separadas, senti me melhor em Tripoli sim, via pessoas tentando ser mais civilizados. Passaporte renovado no consulado libanês, um forte abraço no velho Haj,e vamos voltar para Benghazi. Encerrar o trabalho e desaparecer. Na
Líbia existem apenas 3 aviões, um voo diario saia de Tripoli para Benghazi e no dia seguinte o mesmo voltaria para Tripoli. Etc.... e os outros 2 aviões eram canibalizados para colocar as peças neste que ainda voava. Sentado naquela carcaça voadora, onde nem há cinto do assento, aquelas cortinas feitas de papel, pedaços de bolo se acumulavam no corredor, penso na vida, divorcio e papelada, novo amor a vista talvez? Saudades dos meus cds type o negative, sei la mil coisas me passavam pela cabeça. Ouço um “hello”, olho para o lado e vejo o khaled, um jovem medico que treinava comigo, e ele estava todo feliz que ia poder praticar o inglês dele e eu animado que iria descobrir como não me entediar durante 1 hora, é engraçado que esses jovens viajam para inglaterra com o proposito de estudar inglês e voltam sem saber falar nada. Avião voando e ele conversando, as comissarias servindo pedaços de bolo, aliás a Líbia trouxe muita coisas para o Brazil além das marcas, trouxe o serviço de bordo suuuuper econômico e o “cafe photo” (depois eu conto). Após quase 15 minutos o medico começou o papo mais serio, e me disse:
você sabe que trabalho no hospital, né? Disse ele começando a ficar nervoso.
Sim eu sei. E pensei que “lá vêm”
então, tem uma amiga minha que é enfermeira.
Sim?!
Então disse a ela que na europa havia revistas com pessoas nuas fazendo sexo.
…..
então ela não acreditou em mim
…..
e eu quero provar a ela que existe sim.
…....
você tem algum aí para me emprestar?!?!?!?!
Como assim Khaled, você acha que tenho pornografia prêt à porter?
Sem jeito ele começou a gaguejar mais ainda e jurava que não era para ele, que não precisa se chatear, mas eu estava, a ideia fixa deles que europeu ou estrangeiro é pornografo me emputecia, enchia o saco o tempo todo as pessoas te perguntarem se você tem whiskey, cocaina, pornografia, só porque você não era de lá.
se eu arranjar para você, você se acalma Khaled? Vou ver se tenho a edição de Julho (kakakakakakakaka)
Ualahi – jura?
Passados alguns minutos, dois rapazes que estavam no avião começam a gesticular, falar alto mas eu embora entendesse o árabe, não entendia aquele idioma, perguntei para o Khaled que porra estava acontecendo e ele meio que respondeu que o rapaz não estava feliz com o serviço de bordo e eu disse que tão pouco estava eu mas nem por isso estava gritando e da lhe piloto indo gritar com os jovens e da lhe os jovens gritando com os pilotos, parece filme mas juro que aquele voo era esquisito, imaginem o piloto e passageiro berrando um com o outro, as aeromoças gritando também, até que um dos rapazes abriu a camisa. . . . . Uau, nunca havia visto tanto dinamite junto, tudo certinho e organizado, por trás dos ray bans que eles usavam dava para ver que eles tinham comprado a cocaina em Malta a segunda coisa que fiz foi olhar pela janela e vi que era alto demais para sobreviver á queda. O mais chapado dos dois começou a falar de forma que entendessem todos, inclusive eu, exceto um chinês estava tentando entender como aqueles explosivos estavam montados. O piloto mais calmo perguntou “Shn tbi” (o que vc quer? ) . Ele tinha um simples pedido: o avião ir para Argélia, pensei eu, pronto, eu sou cristão e estou fu. . o e . . , lemberem se que na Argelia há guerra civil de muçulmano matando outro, imaginem eu. Continuava olhando pela janela, cair dessa altura? A sensação era o pior possível, imagine a tua vida e dos outros dependendo de uma pessoa apenas, imaginem vcs sem opção, sob a mira de um revolver e se lembrar, como alguém pode decidir a tua vida?

Parei um pouco e decidi que já que não havia nada a fazer, já que a única opção que tinha era essa decidi encarra a merda de frente. Vi o avião dando meia volta e voltando sentido Tripoli e entendi que os caras são sérios em relação à exigência.

Dez minutos depois veio o piloto e começou a falar com os noiados, e disse com todas as palavras que se ele queria estourar a coisa era para estourar agora pois não havia combustível que bastasse para chegar a Argelia e que de qualquer forma todos morreriam. O drogado respondeu que não sabia o que fazer, olhou para o colega dele e perguntou o que fazer, ficou aquele vai e vem, diz que não diz, e o verdito foi: voltar para Tripoli, abastecer lá e ir para Argelia. Dito e feito o voo estava indo para Tripoli, dois minutos se passaram quando o piloto voltou e disse xingando que o aeroporto de Tripoli estava fechado e estava tudo apagado e que agora não tem nem como ir ali nem aqui e que estava tentando pedir ao pessoal para religarem as luzes pois afinal era 9 horas da noite. Ele estava tão quieto até que um velho gritou, “estoura essa merda senão vai ser tudo em vão pois se cairmos por falta de combustível vai ser no minimo patético”

Boas novas, o aeroporto tinha sido ligado e íamos aterrissar quando vi que estavamos a 3000 metros de altura me senti lutando contra relógio e distancia. Nunca pensei que fosse rachar o bico e quase ter um treco até que alguém gritou “LESH TDIR HADA” - porque você está fazendo isso? E ele começou a conclamar que estava fazendo isso porque......detestava os estados unidos kakakakakakakakkakakaka,. Quer dizer ia matar mais de 100 pessoas porque odeia os estados unidos e ama o Kaddafi? Poupe me!!!

o avião aterrissou e as portas de trás se abriram e todos desceram correndo, eu quis ficar até o fim para ver o que ia acontecer, queria entender quais seriam os motivos desse imbecil fazer isso, mas um KGB Líbio me pediu para sair do avião, peguei a minha mochila e desci, ouvi o noiado gritar, ouvi três tiros ouvi o outro berrando e ouvi ele correndo, ouvi ele descendo pela escada lateral de onde a policia havia entrado e ouvi uma metralhadora.

O pior estava para vir, 9 da noite, aquele aeroporto deserto sem ninguém dentro, pois todos foram embora, inclusive o chinês e quem sobra? Eu? Sair do aeroporto? Impossível, a cambada de filhos da puta fechou o aeroporto em cima de mim. Cortaram os telefones e chegaram querendo me interrogar, mostrei o passaporte e queriam encher o saco, puto da vida respondi que não ia aceitar palhaçada em cima de mim e que o cacete se eles achavam que iria aguentar interrogatório, informei que falaria somente em inglês que naquela merda de língua não falaria, deixei claro que se queriam interrogar, para avisar as pessoas da família e aí estavam os telefones, eles me responderam que iam fazer isso, mas para variar eles tinham cortado as próprias linhas telefônicas e interrogar estava duro pois aquela cambada que vai pra Ingalaterra todo ano para aprender defesa pessoal ás custas do Kadhaffi não sabia falar inglês. Ficamos num impasse, e perguntei “BEHI”- bem? E eles, BEHI, já que não havia começado a babar o ovo do kaddafi, então devia nada a ninguém, me deram as minhas malas e foi informado que o avião decolaria daqui a 2 horas se eu queria esperar ou ir para Tripoli, na verdade queria ir, mas eu sei que ou não acharia hotel ou me seguiriam até a casa do Rotman e depois poderiam querer encher o saco. Decido esperar, peguei o voo quase vazio, 3 soldados e 3 tripulantes uma família, cheguei em Benghazi ás 2 da manhã. Cansado e puto o policial me parou no aeroporto para interrogar e saber o que estava fazendo lá a essa hora, e respondi de zoeira que estava a serviço do ladain (estatal daquela terra), muito embaraçado ele me deixou passar.

Um comentário:

CP disse...

ta ai uma viagem que eu gostaria de ter te acompanhado.
Agora quanto ao homossexualismo, ele não é proibido la?