quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

a Libia

A líbia

A minha opinião sobre A libia se baseia na minha realidade e fatos que vivi e evidenciei quando morei lá como criança e adulto.

Hoje em dia as nações civilizadas dizem que o que acontece na Libia é um levante onde a democracia está se fazendo valer, claro que sim, está se fazendo valer, mas quem entende de politica não está tão animado pois a tomada de poder pode sim trazer consequências sérias ao processo de paz na Africa do norte.


O khadaffi, quando tomou o poder na Libia, era um rapaz jovem com certos ideiais, ele queria mudar o seu país e trazer a inovação e responsabilidade, o Libío em si era um povo reprimido e embora tivesse uma terra fértil, não sabia gozar das vantagens que tinha, não que o rei que estava lá na época fosse ruim, mas lembramos que pouco tempo havia que a segunda guerra havia acabado. O rei Idris morreu no exilio longe da sua terra, lembro me do meu amigo Mahmoud, bisneto do rei, o bairro precario onde ele morava, uma castelo no meio do lixo, pois o Kadhaffi havia acabado com o moral dos familiares do rei Idris, humiliava literalmente a família, só não fazia pior pois ele perderia a imagem de “lider” que perdoa, mas lembro me do Talal, primo do Mahmoud que era piloto do exercito libio e do dia que ele voou com o caça dele quase encostando no mar para não ser detectado pelos radares e ser encontrado mais tarde na Inglaterra. Lembro me da época do “carvão em brasas” quando o dólar americano, moeda do país mais odiado era o mais valioso na líbia, quando o ONU sancionou a Líbia, não podia mais haver voos, faltava de tudo, de desodorante até calcinha, a nossa sorte era que na Líbia, eu estudava em uma escola Francesa, os nossos professores eram jovens que havia se recusado a fazer o serviço militar na França, então eram obrigados a prestar serviços à França em outros países, eram muito jovens, em torno de 22 anos e na verdade supervisionavam as aulas, estudávamos por correspondência, isto é sistema de ensino universal Brasileiro, nem correio tínhamos na Libia, tudo era trazido por alguma alma caridosa que estava na França e trazia consigo esse material. Devido ao fato que a França fazia parte da ONU, os professores na Líbia tinham um prazo definido para sair do país. Sabíamos que as nossas aulas não durariam para sempre, meu pai, pelo fato de ser libanês, ganhava pouco e não poderia nunca fazer algo, pois o Líbano estava em guerra, mas vamos deixar isso para outra ocasião. Invejavamos as pessoas que trabalhavam para OCRIM, pois eram europeus e não podiam ser questionados, havia toda um Infraestrutura para eles, telefones com escutas? Sim mas havia telefone ao menos, carro com placa de empresa? O que dava uma garantia à vida deles, afinal, todos estavam lá para fazer a máquina girar. Libanês, Sirio, palestino, árabes eram os animais prontos a serem estuprados se fosse necessário pois países que outrora foram grandes nações, agora são países que nada podiam oferecer a não ser submissão. O fato de você dizer que era do Líbano trazia conversas de como as libanesas são imprestáveis.


Lembro me de muitas coisas sobre a Líbia, me lembro que a Líbia nem sempre esteve na miséria na época do Kadhaffi, me lembro muito bem dos sacos de lixo na rua que a matilha rasgava e quilos e pedaços de carne caíam para fora, não havia senso de economia, me lembro das máquinas de lavar roupas jogadas nas ruas pois não valia a pena consertar. Carros abandonados na oficina, e detalhe, apenas BMW, Mercedes, Honda era carro para estudantes. Tudo isso era a Libia que vivia na prosperidade até o caso de Lockerbie, me lembro do povo Libio viajando para Italia como quem vai para passar férias na casa da sogra no interior, aviões lotados saiam do aeroporto de Tripoli rumo à Itália e Inglaterra, o sonho de transar com uma europeia e ejacular na cruz.

O Libio em si é um povo “preguiçoso” o Libio nunca gostou de trabalhar, a tal ponto que DAEWOO fez um belo pé-de-meia naquela região limpando ruas e asfaltado avenidas. O libio em si nunca gostou de colocar a mão na massa, os petro dolares estavam cuidando muito bem deles. Em 1985 Libia começou a fazer os tais de “Maraad”- exposições, kaddhafi estava lá para inaugurar, feliz da vida, afinal ele iria ver os produtos “Made in Libya” pois torrava barris de dólares para incentivar a industria, ao chegar lá ouvia os empresarios dizerem que tal coisa é comercializada na Libia e outra coisa era comercializada alí etc e a pergunta do Khaddafi foi “vcs não fabricam nada aqui não” lembro me da cara de vergonha dos Libios depois dessa pergunta. As estatais, centenas são desmanteladas pelos próprios diretores, peças são vendidas para fábricas privadas, Anualmente a Libia compra toneladas de materia prima para repassar à industria nacional e esses materiais são vendidos ao Egito por contrabando e assim não se criava empregos, a única coisa que se criava era desemprego, afinal, na fábrica da família, ninguém queria trabalhar, todos queriam ser diretores, isso para os velhos, se fosse um adolecente, ele tinha a responsabilidade de gritar com os negros e egípcios que vinham de seus países para aprender a profissão, são constantemente humilhados e insultados, a alegria deles? TV porno no fim de semana, se juntam para pagar uma seção em uma casa onde um Libio coloca um filmizinho para divertir a molecada e cada um pagando 1 dinar (pois é, lamentavel), até me lebro que um dia estava desenhando o corpo de uma mulher nua em uma pose sensual, os empregados me imploraram para que eu lhes concedesse o desenho. Os estrangeiros tem uma vida sofrida pois muitos trabalhavam meses e alguns (20%) não recebiam seus pagamentos e se reclamassem, o patrão tinha um primo do exercito que dava um jeito de acalmar o reclamão .... e pergunto para vocês, se você visse seu povo fazendo isso com o próprio país você cuidava ainda?



Quando o Khaddafi se intitula de Líder não é a toa pois até hábitos de higiene ele tinha que ensinar, hábitos de decência ele tinha que ensinar.

Não estou vangloriando a pessoa dele pois para os estrangeiros sem empresa (leia se libanês, polonês, países literalmente f....os), ele era difícil, era intolerante com as outras religiões, especialmente os cristãos, a rua que levava para a KNISSA – igreja em árabe, tinha esgoto aberto, o cheiro de podre nos fazia entender que havíamos chegado à igreja, nossas roupas limpas carregavam o cheiro de esgoto no final da missa. Para a Igreja poder operar, a igreja tinha que retribuir de certa forma a Libia, então as freiras tinham que se sujeitar a trabalhar em hospitais onde eram vistas como prostitutas, afinal estavam lavando um homem, e para os Libios, país onde um beijo era considerado um pecado mortal, era um prato cheio, freiras de 80 anos corriam o risco de serem estupradas. A placa dos carros dos Libios são verdes pois isso deixava bem claro que numa blitz, eles nunca seriam parados, os carros consulares eram livres, mas os estrangeiros, coitados, a segregação era nítida, na cara, a placa era bicolor, amarelo e verde, isso significava claramente que você era estrangeiro, você pode ser vitima de acidente e levar a culpa por cima, se fosse mulher estrangeira dirigindo, eram sonhos eróticos que os outros motoristas tinham, afinal....., né? Queria muito ver e saber se o mundo ocidental faz isso com os árabes.

Em 1998 depois de um divorcio foi lá para visitar meus pais (época que fiz o tal desenho erotico), meu pai por incvrivel que pareça, era o única não Libio que havia conseguido se dar bem lá. Mas isso foi devido ao fato dele ter assumido muuuuuuuito bem a persoinalidade dos líbios e falar como um nativo a língua deles. Voltei com 26 anos, adulto e mais consciente das coisas, a situação não era boa depois de mais de 10 anos, as sanções continuavam mas o país estava cheio de produtos falsificados, lá conheci a marca Mike, Mazzuno, Addidess, Levyz, todas as marcas que anos mais tarde chegariam ao Brasil, produtos da turquia, india invadiam o país, agora havia de tudo de tudo um pouco e de tudo com pouco, roupas sem qualidade, remedio sem validade, medicos iraquianos sem lar, dentistas sem dentes. Era o único porto seguro naquela região, as roupas e tralhas caindo aos pedaços onde cada camisa falsificada era considerada um boa compra pois afinal bastava colocar a etiqueta de Made in Italy para arrasar. Medicos Iraquianos ganhavam um salario de 800 Dinares e se sujeitam a qualquer tipo de trabalho, medicos indianos de “renome” iam jantar nas casas dos clientes, os clientes se vangloriavam de conhecer um medico e o medico jantando com o cotovelo da camisa rasgada ou desgastada. Ao final do jantar leva se o medico para casa pois não tinha carro, pobres medicos que cuidavam de libios infectados com Aids e se falassem que a pessoa tinha Aids, pobre medico que corria o risco de levar tiro. O trafico de droga não existe lá, existe na Malta, um trafico de cocaina e de “rouge”, sedativo de cavalo, um comercio de US$ 50.000.000 ao ano para um país de 6 milhões de habitantes. Os Libios mais educados davam se ao respeito, o que chamamos de Libios urbanos, que moram na cidade de Tripoli, onde estão um pouco mais acostumados a ver mulheres.


A queda do Líder é um fato, mas a transição deveria ter sido feita de outra forma, mas como fazer isso? Como fazer se o Líder se recusa a sair do poder? A libia ficará perdida por muitos anos sem rumo e sem saber o que fazer, muitos empresários que irão para lá serão enganados pois não há um partido politico especifico, muitos dirão que são primos de fulano que está tomando o poder ou outra pessoa que viru líder regional, engolirão o dinheiro e sumiorão e nunca serão encontrados, pois afinal lembram se do que eu disse sobre o calote aos estrangeiros? Homens de negocios, a Libia não é o eldorado, não vão querer comprar nada nem vender nada, pois outro fator que lembro, eles são muito apegados ao material e para eles se apegar ao material, para uma bela parte é ganhar as coisas. A solução para o Kaddhafi seria se refugiar em outro país, não poderá ser a suiça, italia, França pois lá existem já muitos Libios refugiados e revoltados e com certeza iriam gostar de beber o sangue dele, e obrigando ele assim de morar em uma gaiola de ouro e sem contar que o caso do filho dele causou muito desconforto entre os dois países. Único país: Venezuela ou Brasil, onde o kadhaffi tem terras compradas, mas pedir asilo politico à Dilma, mulher? Não sei não.......

5 comentários:

Carla Mota disse...

Oi "teacher".
Puxa, mesmo com os erros de portuga, foi uma aula e tanto!
Às vezes, aqui no Brasil, um país ainda em fase de crescimento cultural, social, político e tudo o mais que necessitamos, não compreendemos muito bem o que está acontecendo nessas crises mundiais. Nossa história também passou por muita coisa feia, mas ainda estamos tentando melhorar.
Com certeza, pessoas como vc fazem a diferença, nos abrem os olhos para os acontecimentos do presente.
Tomara um dia possamos lembrar dessas histórias e saborear uma vida bem diferente da atual com mais dignidade, seja para quem quer que seja, onde quer que viva.

thais disse...

Nossa! Muita informação junta ao mesmo tempo! Agora você vai ter que destrinchar este "desabafo", porque fiquei muito curiosa e muito perdida em varias passagens! Serio, você tem assunto para uns oitenta outros posts. Já estou esperando, ansiosamente, por eles! Parabens!

stephan disse...

c est vrai

Anônimo disse...

8

cp disse...

ja faz algum tempo que estou pra ler seu post,me parece a a atual situação da libia é muito mais culpa do povo do que do proprio kadafi, me lembro de quando ainda era criança ter visto uma reportagem na globo que falava de um lider arabe que tinha libertado seu povo e ainda dizia que o mesmo havia aumentado o salario minimo em 100% e congelado os preços.
Mais tarde li em " Operação Cavalo de Troia" sobre um acordo entre Kadafi e o governo francês para aquisição de alguns caças mirage, acho que eram 18 caças, por um preço altisssimo, segundo o acordo secreto em cada um desses caças deveria haver uma parte de um mapa que mostraria a possivel localização de uma base nuclear israelense......hoje o brasil esta compramdo caças franceses.....gostaria de saber mais sobre seu país,aguardo novos posts